Food for Thought
As pessoas nem sempre são como parecem. Isto é uma
coisa que todos sabemos, que todos dizemos e da qual temos cada vez mais certezas
com o passar do tempo - Já perdi a conta a todas as vezes que ouvi alguém dizer
que quanto mais conhece os outros, mais gosta do animal de estimação e não
posso condenar está máxima, porque eu também a sigo e digo muita vez.
Acontece, de vez em quando, pessoas de quem
gostávamos muito quando éramos miúdos se revelarem pessoas diferentes com o
passar dos anos, e não é raro existir nas famílias pelo menos um elemento que
se enquadra nesta categoria.
As pessoas nem sempre são como parecem, às vezes
porque disfarçam muito bem ou porque nós é que nos deslumbramos e projectamos
na pessoa uma imagem que não corresponde à realidade (pensem lá bem e vão achar
um ou dois namorados ou namoradas que não eram nem de perto nem de longe aquilo
que vocês esperavam, só que vocês só abriram a pestana dois meses depois).
Pensamentos como “X é uma pessoa intragável”, “Y é
insensível, manipulador e calculista” são frequentes e levam-nos a querer
procurar respostas que nunca encontramos mas, ainda assim, damos voltas à nossa
cabeça porque é um mistério que nos atrai. É preciso fazer um grande esforço
para desviarmos os nossos pensamentos deste tipo de perguntas sem resposta.
É desnecessário tentar compreender a mente deste
tipo de pessoas, mas ainda assim batalhamos, às vezes até na esperança de as
tentar modificar, porque acreditamos honestamente que aquele alguém, lá no
fundo, é boa pessoa.
Enquanto Humanos, somos seres em constante
dicotomia e viver entre escolhas não é fácil. Portanto, o que leva alguém a
escolher o caminho do mal ou do bem?
Naturalmente que a grande maioria das pessoas acha
que não tem maldade. Todos pensamos que somos boas pessoas, que não fazemos mal
a uma mosca. Mas isto só acontece porque temos extrema dificuldade em assumir
que os nossos comportamentos venham de um local sombrio, menos puro, e caramba,
quantas vezes nos parece mal que alguém tenha um conceito de nós que assente
precisamente nestas ideias? Revolta-nos esta coisa de “dizerem mal de mim,
quando não me conhecem!” e custa imenso, porque nós até ajudamos os outros,
dizemos sim quando às vezes queremos dizer não e todas as outras coisas que nos
foram ensinadas quando éramos crianças.
Temos, no entanto, de ser capazes de considerar que
às vezes não somos boas pessoas. Mas atenção – nem tudo o que fazemos de errado
nos categoriza como “maus”, pois senão, as pessoas “boas” nunca errariam.
A diferença está na intenção com que se fazem as
coisas.
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